- No silêncio das ervas do caminho
A tua mão traça no silêncio do olhar
o caminho de casa que desperta
no silêncio das ervas do caminho
- No regresso de todos os caminhos
Por rios e por ruas sem casa nem caminho
em busca dos caminhos de casa que começam
no regresso de todos os caminhos
- Ao rés da via férrea abandonada
No teu caminho em branco havia ao meio-dia
em branco no meu sangue um rio que cantava
Ou só na brisa a sombra dessa ave que subia
e cujo voo ia e vinha e te saudava
no ancoradouro de uma casa junto ao rio
ao rés da via férrea abandonada
- Câmara escura
A luz que a mão desenha entre dois passos
quando na câmara escura dos teus olhos
o caminho revela a encruzilhada
- Sem eira nem beira
Ao perpassar de um beijo no frémito dos lábios
mortal jogo natal da estrela que semeia
o caminho de casa em cada encruzilhada
desta rua sem eira nem beira onde vagueia