Notas do Arquivo
Ainda jovem, Slavick está em Chalon-sur-Saône para a inauguração da estátua de Nicéphore Niepce, em junho de 1885 e assiste à conferência de Alphonse Davanne (1824-1912) sobre o inventor da fotografia. Slavick já seguia o trabalho de Davanne em relação à fotogravura(1) e consegue que este lhe dê alguns contactos em Londres, nomeadamente de algumas pessoas […]
Três Tempos
Convém que alguém trema
(Onde Madalena surpreende os ouvintes com o conhecimento do passado do Dr. Pichón Rivière e quase faz um dueto em torno da evocação de Alejandra Pizarnik) (Ouve-se Piazzolla durante algum tempo. Depois, Madalena Zuarte lê, primeiro em castelhano e depois em português, o poema La Celeste Silenciosa al Borde del Pantano) La Celeste Silenciosa al […]
SOUTHERN NOIR: III. Conclusão
A único epílogo possível é o contrário de todas as possibilidades, a vida para além de todas as mortes, o senso comum roubado a si mesmo, uma rendição. Descobre-se o criminoso mas nunca se segura um crime. Um crime é sempre outro, opera continuamente noutra estrada. Regressamos, no entanto, a qualquer coisa: um braço? Ficou, […]
Para que não se morra no subúrbio de uma palavra
Sou novo por aqui, neste lugar que é a escrita. Ainda não sei responder quando me perguntam: porquê? Escondo as mãos entre os joelhos ou desvio os olhos num arco de lua. * Nos últimos dias não me apeteceu escrever porque não tive o tempo necessário para sofrer. Troquei uma cidade por outra um pouco […]
José Craveiro: Viver para contar
Naquela manhã, sentaram-se todas à mesa: a Laurinha, dona da mercearia que tocava violão em noites de baile na aldeia; a Violina “Marreca”, que ficou vergada aos seis anos, mas que sempre trabalhou para se sustentar a si e à irmã. Ou a Piedade, mulher do campo, a quem José Craveiro, último contador de histórias […]
O tempo das máquinas
Vivemos no tempo das máquinas. E esse tempo não é do ferro, do vapor e de todos os cheiros de enxofre, de apitos e gordos parafusos. Não é o tempo do metal e da eletricidade, mas sim o tempo do digital. O que é, afinal, uma máquina digital? Uma máquina sem corpo? Uma máquina que […]
Monstera deliciosa
Lá fora o mundo explode. Segundo a autarquia, trata-se da requalificação de um troço de cinquenta metros de rua, na verdade um nome pomposo para a mera substituição de lancis, mas qualquer observador participante diria que assiste aos últimos capítulos do fim dos tempos. O pior de tudo é a cadência glaciar da obra, uns […]
Escritores, escritores e leitores
Um murmúrio percorreu a sala da Comunidade de leitores.A que tu pertences, “You! hypocrite lecteur! —mon semblable, mon frère“ Estava presente um Escritor.Falo de um tempo em que quase não há leitores. Há sobretudo escritores. Muitos escritores. E alguns raros Escritores. As livrarias estão cheias de novíssimas edições. As bibliotecas, desertas, abarrotam de livros. Se […]
OSSO Oito
Numa revista de mafagafos há dez mafagafinhos, quando a mafagafa gafa, gafam os dez mafagafinhos (*) O nono Osso, o Osso Oito. Um ordinal e um cardinal, diferentes, mas coincidentes. Culpa do Osso Zero, vão ser pretexto para apresentar, pela ordem cronológica do compromisso que assumiram, 8 articulistas + 1 editor da Osso. O primeiro, […]