O terror ao longe

Ao longe, onde cintilam os feixes brancos, quebra-se a geada nos rumores de um terror iminente. Refiro-me à incandescência de Janeiro: não há frio que tanto brilhe. As tardes, as míriades de partículas na chuva, a promessa das noites cada vez menores, tudo contribui para uma sensação de amanhã mais límpido. Claro, tudo não passa […]

Deambulações – 5. Paragens obrigatórias

Longas as paragens Por onde demora a língua Que diz da abundância do coração Árvore donde cai o fruto do dia Sobre pés miúdos perguntando «— Dá licença, minha mãe?» «— Quantos passos?» Daqui até outro silêncio Somando riscos Falhando casas Passos gigantes destroem sementeiras Os de formiga são avaros À caranguejo resultam em 1 […]

Mulher. Cantora. Camionista.

“Não sabemos ainda como perdemos as asas: se nos lancis dos terraços em voo sobre os pomares de amendoeiras, se nas sobrevoadas cumeadas dos bosques de bétulas em novembro, se nos olhos de água, se na puta da vida emitindo recibos e assinando avenças. Sabemos apenas que nos olhamos hoje e nenhuma máscara nos cabe […]

Três poemas

De Soraia Ao balcão da Nespresso entrego o talão 108 da opção Cafés e Máquinas e soletro o número do telemóvel enquanto no ecrã que não vejo e no rosto ainda mal treinado de Soraia se acende o meu perfil de consumo A cara tão branca de Soraia como a máscara das raparigas do Norte […]

Osso Trinta e Sete

Osso Trinta e Sete tem a colaboração de Rui Vitorino Santos, desenho da capa . Luís Januário, Três poemas . Luís Lucas Pereira, 5/6 . Hélio Barata, Alegria sem fim . Frederico Martinho, O terror ao longe . Ana Paula Inácio, Deambulações — 5. Paragens Obrigatórias, com ilustração de Diogo Bessa . Martha Mendes, Transforme-se […]