Número 37

27 de Janeiro de 2024

O LADO INVERTO

Deambulações – 5. Paragens obrigatórias

ANA PAULA INÁCIO

Longas as paragens

Por onde demora a língua

Que diz da abundância do coração

Árvore donde cai o fruto do dia

Sobre pés miúdos perguntando

«— Dá licença, minha mãe?»

«— Quantos passos?»

Daqui até outro silêncio

Somando riscos

Falhando casas


Passos gigantes destroem sementeiras

Os de formiga são avaros

À caranguejo resultam em 1 silêncio a 2

Os de tesoura cortam a meio

O rasto que se quer inteiro


Palpitações taquicardias arritmias síncopes

De quantos códigos, minha mãe?

Se compõe uma paragem obrigatória

E deste sopro o que vem?


Ilustração de Diogo Bessa