O universo observável, uma esfera definida pela perceção humana onde se encontra toda a matéria passível de ser observada a partir da Terra, terá um diâmetro de aproximadamente 93 mil milhões de anos-luz, 46,5 em qualquer direção na qual apontemos os nossos telescópios. E o que mais há nessa vastidão, concebível mas inimaginável pelos nossos cérebros feitos para lidar com arredores, é espaço livre, desgovernado, o meio interestelar com uma densidade média de um átomo por centímetro cúbico, à mercê da passagem praticamente irrestrita de qualquer objeto. Tanto se pode ver aqui a derrota e o desespero, como encontrar em todos estes centímetros cúbicos a oportunidade de sonhar mais longe, além das prateleiras e gavetas, das cidades e campos, a possibilidade de transcender a própria vida num processo intergeracional que ligará as origens ao inevitável fim da espécie — um círculo que se fecha, e já não a busca meã, extinguível, por um instante de absoluto domínio sobre o provável. A imensurabilidade do cosmos oferece um espaço sem fim para a construção da felicidade, não como fugaz instante remetido ao passado, mas enquanto processo, um presente em construção. A escolha é nossa.