Até ao Osso

26 de Agosto de 2023

Azul profundo

NUNO VASCO RODRIGUES

O ambiente marinho é um mundo vasto e fascinante, repleto de diversas formas de vida. A fotografia é uma ferramenta poderosa que não só capta a beleza deslumbrante da vida marinha, como também promove a consciencialização e alerta para a urgência da conservação. Este ensaio explora a interacção entre a vida marinha, a fotografia e a conservação, realçando a importância de preservar os nossos oceanos para as gerações futuras.

Sob a superfície do Oceano encontra-se um reino maravilhoso repleto de vida. Desde os vibrantes recifes de coral aos majestosos mamíferos marinhos, a diversidade encontrada nos ecossistemas marinhos é inigualável. A fotografia permite-nos vislumbrar este mundo que é oculto para a maioria, revelando a sua beleza e carácter único. Através de imagens habilmente enquadradas, os fotógrafos têm a capacidade única de mostrar as cores vivas, os padrões intrincados e o comportamento surpreendente da vida marinha, cativando o público e evocando um sentimento de admiração, espanto e humildade.

Para além do seu apelo estético, a fotografia da vida marinha tem um papel significativo na promoção dos esforços de conservação. As imagens têm o poder de transcender as barreiras linguísticas, atingindo um público global e incutindo um sentido de responsabilidade para com os ecossistemas marinhos. Através de imagens instigantes, os fotógrafos podem educar os espectadores sobre a natureza frágil da vida marinha e a necessidade urgente da sua protecção.

A fotografia tem ainda a capacidade de suscitar emoções, criando empatia e ligando as pessoas ao ambiente marinho. Criando-se esta ligação pessoal com o Oceanos através de imagens cativantes, é mais provável que cada um apoie iniciativas de conservação e faça escolhas conscientes, no sentido de reduzir a sua pegada ecológica.

Esta capacidade de sensibilização para as ameaças que a vida marinha enfrenta serve de plataforma para documentar a degradação ambiental, a poluição, a destruição do habitat e o declínio das espécies. Ao expor estes problemas através de imagens poderosas, os fotógrafos inspiram o discurso público e motivam os indivíduos, os governos e as organizações a tomar medidas.

A fotografia pode ainda destacar iniciativas de conservação bem-sucedidas e mostrar histórias positivas de resiliência marinha. Ao partilhar estas histórias, os fotógrafos contribuem para uma narrativa que realça o impacto dos esforços de conservação, promovendo esperança e encorajando outros a juntarem-se à causa.

Por último, as imagens captadas podem revelar-se extremamente valiosas para a investigação e documentação científicas. Os fotógrafos subaquáticos colaboram frequentemente com cientistas para captar imagens que ajudam na identificação de espécies, estudos de comportamento e mapeamento de habitats. Estas fotografias tornam-se referências importantes para os investigadores, permitindo-lhes alargar os seus conhecimentos e contribuir para estratégias de conservação.

Numa época em que as questões ambientais ameaçam o delicado equilíbrio dos ecossistemas marinhos, a fotografia surge como uma poderosa ferramenta de comunicação para a conservação. Através da sua capacidade de evocar emoções, aumentar a consciencialização e promover a investigação científica, a fotografia permite que os indivíduos se tornem defensores da preservação da vida marinha, inspirando a mudança e salvaguardando os nossos oceanos para as gerações vindouras.


“DIÁRIO DE BORDO”

Data: 22/06/2017 

Local: Ilhas Selvagens

Mergulho: SPCV034

Coordenadas: 30º15’35.478’’N 16º05’54.32’’W

Profundidade máxima: 23,4 m

Temperatura da água: 22º

Fauna (peixes): Epinephelus marginatus, Serranus atricauda, Apogon imberbis, Seriola rivoliana, Chromis limbata, Thalassoma pavo, Muraena helena



Nuno Vasco Rodrigues, Ilha de Santa Maria, Setembro de 2018