GREEN – EU VERSUS EU
Para a S.
Aquela que consigo desavinda
Imita que do mundo anda fugida
Por lhe falhar a sorte e lhe sobrar a dor
Há-de voltar de verso renascido
Soprar-lho-á o vento ao ouvido
Interno com raízes múltiplas
E um lebréu à porta renunciando à caça.
Aquela que consigo se desaveio
Há-de amigar-se com as lágrimas
Não ver nelas perigo ou inimigo
Apenas mero meio aquático
Onde a memória de alguns naufrágios
Lhe ensinará a ser peixe de prata
Nos olhos de um gato vítreo.
R5 Ceci n’est pas green.
Ilustração de Diogo Bessa