Com um verso de Thais Akina Yoshitake
É uma nuvem branca que perfura o outono flexível,
costurando com fio dourado a luz sobre a mesa.
Sobre a mesa, o rádio transmite a voz de Mahmoud Darwish:
“O céu era invadido pela aviação israelense e pelas preces árabes”.
Uma palavra bruxuleante, a irreprimível amargura do azul.,
e uma sensação científica de ruína.
*
É você entrando na sala onde não se pode sorrir
e me passando um bilhete onde se lê: “se não for fazer nada mais tarde, podíamos sentar na cozinha e conversar?”.
É você surpreendida pelas sombras que caem.
“Breve, tropeçante, por imagens”, você tenta vagar na luz brilhante.
É um pássaro vermelho que perfura com um fio dourado a nuvem branca.
Uma abelha assobiando pó dourado nas pétalas da malva.
*
É uma nuvem branca que flutua ao lado do outono flexível.
Uma nuvem branca envolta em fios de ouro.
Eu me apaixonei pela luz fraca na beira da água.
Uma nuvem branca flutuante, fio de ouro sobre a mesa.
É a vaga batida do vento em um mundo invisível.
Fantasmas de tristeza desaparecendo acima dos fios de ouro.
*
Sobre a mesa, sob a nuvem, há uma bolsa vermelha
com um fio dourado costurado.
Felicidade além de todas as dimensões é aquele espaço onde você e eu não somos diferentes um do outro, somos iguais.
Nada colocou uma nuvem na mesa para você, mas quem colocou meu vento em sua casa?
A cigarra na janela canta zombando das noções de dentro/fora.
Somos nuvens muito leves.
*
Medir a densidade da sombra da nuvem que caiu na água
encharcando roupas na chuva, na beleza da chuva do amor pela vida.
Uma única gota em suas costas não desce, sobe para o céu.
Céu que sussurra um sutra inesperado, desolado e deserto.
Se a porta estiver aberta, então este lugar é seu, entre e deite-se comigo.
— meu coração doeu por todos e eu esperei por você.
*
A quietude da voz da cigarra se infiltra nas rochas.
“É o trabalho do camponês, seu suor”, são palavras que você toca em seu sonho.
É diferente de escrever com propósito de vida.
No vidro nublado e empoeirado, as sombras índigo das nuvens.
As sombras dos galhos dos choupos e das nuvens lançam um brilho azul:
A gralha-azul está dormindo na árvore, definindo um grande campo magnético.