Estive para casar com a Lee Miller
ou a Lee Remick, já não sei,
acabou por não acontecer.
A vida dá voltas mas volta
ao mesmo lugar, como um teleférico.
Em momentos de abatimento
havia ainda assim o ânimo vago
da Lee Miller ou da Lee Remick
que me estavam prometidas,
uma delas ao menos, não sei qual,
à medida que as suas imagens
me acompanhavam e mentalmente
as dispunha na parede
como se fossem cartazes do futuro.
Um homem não perdeu tudo,
não perdeu sempre, suporta tudo,
tendo os olhos claríssimos e agudos
da Lee Miller à sua espera,
tendo os olhos claríssimos
e compassivos da Lee Remick,
olhos que nunca vi nem me viram
a mim, mas que imaginava
consoladores, votivos, azuis.