Voltou ao quarto no domingo de ramos.
O quarto exalava lavanda e o corpo de cristo apresentava uma ligeira deformação. Uma mancha ou um pequeno mapa desdobrara-se sobre ele. Ou a planta de uma ruína ou de um império, o que talvez seja uma inacreditável redundância.
Sobre a cama, um dos quadros botânicos que sacrificava a ciência, privilegiando o traço grácil do representado, caíra e, mais ao lado, um outro, irmão, abrira-se em vidros, deixando que a flor guardada respirasse para além da decoração.
Imaginando uma amorosa triangulação entre diversos reinos, sorriu e deixou o sorriso seguir por entre as sombras que as sugestões, tentaculares, estendiam, cobrindo tudo sob um manto bem mais colorido do que o preto e o branco com que a câmara registava o momento.
Não fosse acreditar em coisas estranhas, e talvez uma explicação menos prosaica reconduzisse todos os elementos aos seus devidos lugares, como alunos obedientes. Mas gostava da indisciplina.
Haverá de desenhar sobre papel vegetal uma dança onde todos trocarão de quadros e as molduras perderão os sentidos.
Ao papel deixá-lo-á descer sobre a fotografia.
Como uma noite iluminada ou uma cortina ou um velho álbum de família.