Pelo coração vamos, vida fora, quantas vezes com as tripas a escorrer.
Com o coração nas mãos, corremos e voamos. Suamos. Ousamos. Sai-nos pelos olhos, sai-nos pela voz, sai-nos pelos gestos — quebradiços, tantas vezes —, sai-nos pela ponta dos dedos com que escrevemos, nos tocamos, com que até nos conhecemos.
Com o coração na boca, vamos. Nos damos, mergulhamos, nos amamos, afogamos, nos perdemos. Caímos e erguemo-nos, colamos os pedacitos que — ai! — por aí fomos quebrando, às vezes largando rastos, restos, estilhaços, estardalhaços. Somos de osso, somos de sal, somos de sangue, somos do bem, mas também do mal.
Com o coração em riste, cantamos e berramos, rimos e choramos. Praguejamos. Sangramos, esperneamos, por vezes hesitamos, vamos e não vamos.
Não vamos? Vamos. Vamos, sim. Vamos sempre.
Haja coração.